O rapper Oruam, conhecido por sua carreira no trap nacional e por ser filho de Marcinho VP, líder do Comando Vermelho, foi indiciado por associação ao tráfico de drogas após um confronto com agentes da Polícia Civil do Rio de Janeiro, ocorrido na noite do dia 21 de julho de 2025, na residência do artista no bairro do Joá, Zona Oeste do RJ.
Segundo informações oficiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), os policiais realizavam uma operação de monitoramento contra um adolescente de 17 anos, suspeito de atuar como segurança de Edgar “Doca”, liderança da facção Comando Vermelho. O jovem foi abordado ao deixar a casa de Oruam, o que deu início a uma série de reações hostis por parte do artista e de pessoas próximas a ele.
Durante a abordagem, Oruam teria lançado pedras contra os policiais, proferido xingamentos e tentado impedir a ação da equipe, além de gritar frases como “sou filho de Marcinho VP”, em tom de ameaça e intimidação. Um policial ficou ferido na ação. O episódio foi registrado em vídeos que circularam nas redes sociais e reforçaram a gravidade da conduta.
A Polícia Civil do RJ informou que Oruam será indiciado por associação para o tráfico de drogas (art. 35 da Lei de Drogas), além dos crimes de desacato, resistência qualificada, lesão corporal, ameaça e dano ao patrimônio público, todos previstos no Código Penal Brasileiro. A alegação central é de que o rapper teria contribuído, de forma consciente, com as atividades do Comando Vermelho, ao oferecer abrigo e proteção a membros da organização.
Do ponto de vista jurídico, a acusação de associação ao tráfico exige a demonstração de vínculo estável e duradouro com a facção criminosa, com provas materiais ou testemunhais que indiquem envolvimento direto nas ações do grupo. Apenas declarações, como a feita pelo rapper, não são suficientes para configurar o crime — é necessário que o Ministério Público comprove a participação consciente de Oruam na logística ou financiamento da organização.
A repercussão do caso foi imediata. O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, declarou que o artista será tratado como um “marginal da pior espécie” e reforçou que não há privilégio para quem atua ao lado do crime. Ele também destacou a intenção de manter firme o combate ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro, independentemente da notoriedade dos envolvidos.
Advogados e especialistas em Direito Penal alertam que, apesar da gravidade dos fatos, o processo deve respeitar o devido processo legal, com ampla defesa e presunção de inocência. As imagens divulgadas, embora impactantes, precisarão passar por análise pericial e ser contextualizadas no inquérito policial.
O caso de Oruam reacende o debate sobre os limites entre cultura, liberdade de expressão e apologia ao crime. Nos últimos meses, o nome do artista já havia sido alvo de propostas legislativas que visavam proibir o uso de recursos públicos para eventos com músicas que promovam o tráfico ou facções criminosas.
No que tange às questões de apologia ao crime versus liberdade artística, o podcast Conversa Magna, de Caxias do Sul/RS, abordou o tema em profundidade em um episódio recente com o Vereador Calebe Garbin, discutindo os riscos de censura, os limites da responsabilidade do artista e a necessidade de um debate equilibrado sobre segurança pública e cultura nas periferias, (https://www.youtube.com/watch?v=9dRGjPJjGnk).
O inquérito segue em andamento, e a defesa do rapper ainda não se manifestou publicamente. Caso seja condenado por todos os crimes, Oruam pode enfrentar penas que, somadas, ultrapassam 10 anos de prisão.